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Matéria escura pode ser formada por buracos negros minúsculos




Uma nova hipótese proposta pela equipe do astrônomo Bernard Carr, da Universidade Queen Mary, em Londres, sugere que o universo está cheio de filhotes de buracos negros desgovernados com a idade do Big Bang (13,8 bilhões de anos) voando e colidindo com tudo que estiver em seu caminho. Eles podem ter a mesma massa que a Lua, mas são tão densos que ficam menores do que o ponto final desta frase.

E, como você pode ter deduzido, seria uma péssima ideia se esse “cisco”, por uma fatalidade, entrasse no seu olho. A ideia é levada a sério por nomes como Alexander Kashlinsky, pesquisador da NASA, que já propôs algo parecido, mas com buracos muito, muito grandes. 

Mesmo que eles existam – e a comunidade científica não é unânime em relação à proposta –, a chance de que eles atinjam a Terra em um futuro próximo é bem, bem remota. Segundo os cientistas estes buraquinhos passariam entre o Sol e a Terra a cada mil anos. 

Risco posto de lado, fica a pergunta: por que os cientistas considerarem uma possibilidade que mais parece um roteiro de filme do Michael Bay? Bem, eles estão em busca de boa parte de tudo que existe.

Você talvez não saiba, mas o RG que você deixou cair no ônibus e não encontrou mais não é a coisa mais trágica que se pode perder por aí. Cerca de 26% de toda a massa do universo está desaparecida, e astrônomos e físicos não podem apelar para o setor de achados e perdidos doespaço sideral.

O nome dessa enorme massa indetectável ématéria escura. Sua existência é comprovada por causa da influência que ela exerce sobre o movimento dos corpos detectáveis, inclusive galáxias inteiras, por meio da gravidade. E esse é o único rastro de sua existência. Departículas subatômicas a estrelas várias vezes maiores que o Sol, ela não interage com nada conhecido. E ninguém consegue vê-la.

As explicações razoáveis para a composição desses 26% ocultos estão acabando, e tentativas de detectar a matéria escura tanto no LUX (máquina subterrânea experimental para detecção de interações da “diferentona” com a matéria conhecida) como na Estação Espacial Internacional (ISS) não deram certo.

Conforme as possibilidades se esgotam, os especialistas se dividem em dois grupos. Uma boa parte deles acredita que precisamos dar um passo além com os métodos que já existem para identificação de coisas muito pequenas e efêmeras, como o Grande Colisor de Hádrons (LHC), que, como você deve se lembrar, encontrou o Bóson de Higgs. Outros começaram a considerar também explicações menos ortodoxas, como a de que a matéria escura poderia ser esse enxame de incontáveis buracos negros em miniatura.

Mas o que, afinal, aconteceria se um buraco negro bebê realmente entrasse no seu olho? Ao IFL Science, o astrofísico Timothy Brandt, do Instituto de Estudos Avançados (IAS) dos EUA, em Nova Jersey explicou que não seria muito gostoso. “Seria um pouquinho parecido com um projétil de arma de fogo, mas com ondas de força deformando o objeto e gerando calor intenso.”
Esse seria, porém, o menor dos problemas. Difícil mesmo fica se a matéria escura realmente não puder ser detectada por nada que existe.

“É possível que a matéria escura não interaja com a matéria normal por meio de nada além da própria gravidade”, explicou Brandt ao site americano. “Nesse caso, estaríamos encrencados. A ciência nunca chegou ao ponto de saber que há algo lá fora que é indetectável, que não responde a nenhum experimento conhecido.”

Nesse caso, se serve de consolo, já há problemas suficientes na ínfima massa da Terra para nos preocuparmos. Como aquele RG que você deixou cair e agora está em algum setor de achados e perdidos. Boa sorte!