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Um espermatozóide humano pode fecundar um óvulo de um primata ou vice-versa?

 
Fonte imagem: primates.com

O processo de fecundação ou fertilização que consiste na união do gameta masculino (espermatozoide) com o gameta feminino (óvulo). Substâncias produzidas por células do óvulo promovem uma atração dos espermatozóides em um evento denominado de quimiotaxia. Assim que os espermatozoides se aproximam do óvulo, para que possam se fundir, ainda são necessárias grandes tarefas para o gameta masculino. O espermatozoide tem que atravessar as barreiras que revestem o óvulo, formadas (da superfície para o centro) por: coroa radiada e zona pelúcida. Muitos espermatozóides passam livremente pela coroa radiada. A zona pelúcida é uma camada rica em substâncias glicoproteicas que facilitam e mantém a ligação do gameta masculino, além de atuar basicamente como uma barreira seletiva, permitindo que somente os espermatozoides da mesma espécie possam penetrar o óvulo. 

Ainda na zona pelúcida, acontece outro evento muito importante denominado de reação acrossômica, ou seja, a membrana do acrossoma (estrutura que reveste a parte anterior da cabeça do espermatozoide) funde-se expondo seu conteúdo formado por substâncias que irão facilitar a penetração do espermatozoide. Após este envoltório, o espermatozoide tem que atravessar a membrana celular do óvulo e, quando isto ocorre, ele perde a cauda e o núcleo dos dois gametas se funde.

Agora que já revisamos resumidamente o processo de fecundação, vamos lá a sua pergunta. Por volta da década de 20, um polêmico cientista russo e alvo de muitas críticas, Llya Ivanov, teve grande repercussão com suas tentativas de criarum “homem-macaco”. Ivanov inseminou fêmeas de chipanzés com espermatozoides humanos e também conseguiu autorização de políticos soviéticos para inseminar mulheres voluntárias com sêmen de chipanzés. No entanto, por volta de 1930, em uma reorganização política na ciência soviética, apoiadores do experimento perderam o cargo e Ivanov, além de fracassar com os estudos e dos índices de morte de chipanzés, também foi condenado a cinco anos de prisão.

Já em 1977, o cientista J. Michael Bedford publicou um estudo resultante de suas investigações científicas, envolvendo a fecundação in vitro entre seres humanos e outros primatas. Neste estudo, surpreendentemente descobriram que o espermatozoide humano apresenta algumas afinidades na interação com óvulos de macaco, dependendo da espécie. 

Em óvulos de macaco da espécie Hylobates lar, conhecido como gibão, o espermatozoide humano foi capaz de penetrar a camada superficial que reveste o óvulo. Embora os mesmos ensaios experimentais realizados com óvulos do macaco rhesus e balbuíno demonstraram que o espermatozoide humano é incapaz de aderir à superfície do óvulo e, muito menos penetrar. Estes estudos foram relevantes no campo da Evolução, pois, sugerem que o processo evolutivo do homem foi acompanhado por uma alteração restritiva da superfície do espermatozoide que limitou, com maior precisão, a adesão de gametas de outras espécies. Por outro lado, o mecanismo molecular pelo qual a zona pelúcida e o espermatozoide de mamíferos se reconhecem parcialmente, continua alvo de muitos estudos.