Algo raro aconteceu nesta segunda-feira (28/12) a Anvisa anunciou a aprovação de uma nova vacina, antes mesmo de ela ser lançada nos maiores mercados de medicamentos do mundo, os EUA e a Europa. O Dengvaxia é uma boa notícia para fechar 2015, e chega em boa hora: com um aumento no número de casos no Brasil batendo em 200% no último ano, e o número de mortes crescendo 80% no mesmo período, a doença estava prestes a ganhar ares de calamidade pública. A vacina deve arrefecer esse risco.
2015 foi um bom ano em
termos de inovações impactantes na indústria farmacêutica: vacinas contra
malária e ebola (da britânica GlaxoSmithKline e da americana Merck,
respectivamente) também obtiveram aprovações importantes e estão à beira de
serem lançadas no mercado. Agora foi a vez da multinacional francesa Sanofi
Pasteur, cuja vacina contra dengue mostrou eficácia de mais de 90% contra os
casos mais graves, de dengue hemorrágica, o suficiente para tirar a força da
epidemia. As três vacinas das três multinacionais farmacêuticas têm uma
característica em comum: todas focam em doenças infecciosas típicas do mundo
pobre, com alta incidência em países tropicais.
Isso explica a nova
estratégia de mercado: lançar as vacinas antes em países "emergentes"
(difícil conter as aspas nestes tempos de crise), como o México, as Filipinas e
o Brasil, os três primeiros no mundo a aprovarem a Dengvaxia.
As grandes empresas
farmacêutica obviamente estão de olho grande nesses mercados, que
tradicionalmente são mal atendidos por empresas quase sempre sediadas em países
temperados. Mas esse olho grande é boa notícia num momento como o atual, com as
mudanças climáticas acelerando o espalhamento de epidemias tropicais.
A Sanofi ( Grande empresa farmaucêutica) sonha grande:
espera fazer mais de 1 bilhão de dólares por ano, no mundo, com o novo produto.
Se essas estimativas se concretizarem, a Dengvaxia será uma das três vacinas
mais vendidas da centenária multinacional francesa.
O plano da Sanofi é vender o
Dengvaxia em grandes lotes para os governos, para permitir uma imunização em
massa, melhor estratégia para conter uma epidemia. O preço ainda não foi
anunciado, mas a Sanofi prometeu que será "razoável" (o que não
significa muito, já que fabricante algum vai a público divulgar que seu produto
é caro demais).
Mas já está claro que a
conta fecha com folga para o Brasil. Afinal, o país gasta cerca de 1,2 bilhão
com a dengue por ano, e essa fortuna nem inclui as tragédias humanas causadas
pela doença. Na real, vale torcer para a Dengvaxia seja um sucesso de vendas.
Quem sabe sirva de estímulo para a indústria continuar investindo em doenças
tropicais, como a zika, transmitida pelo mesmo mosquito Aedes aegypti da dengue
e da febre amarela.
Fonte: Abril
Fonte: Abril

