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Saiba tudo sobre Juno, a sonda da Nasa que chegou em Júpiter!


Nesta madrugada, a sonda supertecnológica Juno entra em órbita depois de 5 anos de viagem. Entenda porque essa é a viagem espacial mais importante dos últimos tempos.



Depois de cinco anos no espaço e 700 de quilômetros percorridos, não é exagero que a
missão Juno tenha recebido o apelido de "Momento da Verdade". A sonda da Nasa está prestes a chegar a Júpiter, o mais misterioso dos planetas do Sistema Solar.


Nesta terça-feira, à 1h da manhã, a espaçonave Juno vai entrar na órbita do planeta gigante e a humanidade vai poder observar Júpiter de uma forma nunca antes vista. O nome da missão não é coincidência: na mitologia romana, Juno era a esposa de Júpiter (nome latino do deus grego Zeus) e vivia a espiá-lo. Mas, ao invés de tentar descobrir as infidelidades do marido, como nos mitos, a Juno da Nasa quer descobrir em Júpiter as origens da Terra e do Sistema Solar como o conhecemos.

Custo

A Juno foi lançada ao espaço em agosto de 2011. Viajou mais de 700 milhões de quilômetros. E custou mais de US$ 1 bilhão.

A missão

Sua missão mais evidente é se aproximar de Júpiter – um gigante gasoso e maior planeta do Sistema Solar – para nos trazer informações sobre a composição do planeta e dar pistas sobre como ele se formou. Apesar de vistoso, com seu tamanho e seus 67 satélites, Júpiter é um mistério. Coberto por uma atmosfera densa de gases, e protegido por um campo magnético poderoso, o planeta enche os cientistas de dúvidas: não sabemos se há um núcleo sólido sob todo o gás, nem sabemos completamente qual é a composição de sua atmosfera. Júpiter também é importante porque é o mais antigo membro do Sistema Solar. Ao entendê-lo, os cientistas esperam descobrir como os demais planetas – a Terra entre eles – se formaram. Essa é a principal missão de Juno. Ao explorar o espaço distante, espera-se que a sonda traga elementos para entendermos nossa própria história.

Detalhes da procedência da missão

A Juno deve começar a desacelerar em direção ao planeta pouco depois da meia-noite, horário de Brasília. E entrar na órbita do planeta pouco antes da 1 da manhã de terça-feira (5). Para isso acontecer, ela vai acionar seu motor principal, e precisa que ele funcione por 35 minutos – o suficiente para diminuir a velocidade de Juno ao ponto em que ela será aprisionada pelo campo gravitacional de Júpiter. Por ora, a nave viaja a mais de 200 mil quilômetros por hora – o que faz de Juno um dos objetos mais rápidos já construídos pelo homem. Os cientistas da Nasa estão apreensivos porque existe a possibilidade de os motores falharem – o que lançaria a Juno no espaço, pondo a perder toda a missão. Vai ser uma daqueles momentos em que a distância provoca angústia: um sinal enviado da Terra leva cerca de 48 minutos para chegar a Júpiter. Se os cientistas perceberem que algo vai mal com a nave, dificilmente poderão fazer algo para corrigir o problema a tempo.

Por que Júpiter?

A Juno vai coletar informações sobre as camadas mais profundas da atmosfera de Júpiter, sobre a estrutura interior do planeta e sobre sua magnetosfera. O interesse, nesse caso, é proporcional ao tamanho: Júpiter tem quase o dobro da massa de todos os demais planetas do Sistema Solar combinados. Ele é, ainda, o mais antigo do grupo. Júpiter é formado, em grande parte, por hélio e hidrogênio – elementos leves que tendem a se dispersar rapidamente depois da formação de uma estrela. Isso significa que, muito provavelmente, Júpiter foi rápido e surgiu logo nos primeiros momentos do Sistema Solar.



Entender melhor sua composição pode ajudar a descobrir como era a composição do espaço primitivo que lhe deu origem. O surgimento de Júpiter carrega informações sobre como os sistemas planetários são formados em nossa galáxia: “Se quisermos entender como o Sistema Solar se formou, precisamos começar por Júpiter”, disse Steve Levin, um dos principais cientistas envolvidos no projeto, em uma nota divulgada pela Nasa.

O processo de formação de Júpiter, qualquer que tenha sido, interferiu na formação da Terra: “Se a Terra tivesse se formado na ausência de Júpiter, ela seria pobre em elementos como água e moléculas orgânicas”, disse Jonathan Lunine, um cientista que estuda o processo de formação planetária na Universidade do Arizona. A força gravitacional de Júpiter atraiu esses elementos para perto do Sol, onde eles puderam participar da formação dos demais planetas. Não fosse assim, moléculas essenciais para a origem da vida teriam se concentrado nas bordas exteriores do Sistema Solar, longe da Terra.

Ouça o tenebroso som de Júpiter gravado pela sonda Juno





Segundo os astrônomos, trata-se de um choque em arco, causado quando a sonda ultrapassa o limite do gigantesco campo magnético de Júpiter. Assim como na Terra, o campo protege o planeta dos violentos ventos solares.



Desafios da missão

Para conseguir entrar na órbita de Júpiter nessa madrugada, a Nasa teve que ultrapassar dois grandes desafios principais: a radiação do planeta e a velocidade de inserção orbital.

Júpiter emite 66 milhões de vezes mais radiação que a Terra - e por isso, os computadores e sensores da Juno precisaram ser colocados em uma espécie de bunker espacial, uma caixa de titânio que reduz a exposição à radiação em 800 vezes. Mesmo assim, ao longo do tempo a proteção vai esgotar - o cálculo feito pelos cientistas só protege a nave tempo suficiente para terminar sua missão científica com sucesso.

Além disso, para chegar até Júpiter em 5 anos, Juno bateu recordes de velocidade no espaço - a nave se move a 260 mil km/h. Mas está rápida demais para conseguir entrar em órbita e, por isso, vai queimar seu motor principal essa madrugada durante 35 minutos, para conseguir desacelerar. Se der tudo certo, a Juno se estabilizar a 210 mil km/h, "devagar" o suficiente para ser atraída pela força gravitacional do planeta.



A espaçonave vai dar a volta ao redor de Júpiter 37 vezes, coletando dados por cerca de um ano e meio. A cada quinze dias, Juno vai dar um "mergulho" na superfície das nuvens que cercam o planeta. Quando a missão for considerada completa, os cientistas da Nasa esperam ter informações suficientes para entender como outros grandes planetas gasosos funcionam.

Além disso, eles acreditam que, a partir dos dados do campo magnético de Júpiter, vai ser possível modelar o funcionamento de estrelas jovens - e, com isso, entender mais sobre o "jardim da infância" dos sistemas planetários.